Leila Okumura, cofundadora da Local.e foi responsável por mediar uma importante conversa sobre a presença de produtos naturais e orgânicos em lojas especializadas e supermercados, na Arena Conhecimento. Ao lado de três grandes especialistas do ramo, Isabella Maluf Vasconcellos, idealizadora da Hestia Ventures; Rafael Gomes, responsável pelo comercial da Raízs e Carlos Blajberg, diretor comercial, Supply Chain e RH do Supermercado Zona Sul, o público presente ouviu histórias, pontos de vista e dicas de como esses profissionais atuam.
Isabella Maluf, defendeu que para ela, produtos saudáveis são aqueles que vendem uma verdade, que possuem uma razão autêntica para existirem e foram criados para preencher uma lacuna necessária no mercado. Ou seja, vão muito além de ter bons ingredientes, mas que também possuem um conceito.
Blajberg, destacou como o modelo de negócios do Supermercado Zona Sul tem uma relação muito forte com o cliente. A gestão de seus 7 mil colaboradores é pautada na humanidade, e em focar na relação de proximidade entre cliente e colaboradores.
Quando o assunto é saudabilidade e a oferta de produtos naturais e orgânicos, o diretor comercial, Supply Chain e RH do supermercado, conta que a rede conta com 11 experts direcionados para departamentos diferentes, como carnes, queijos, vinhos, azeites, produtos saudáveis etc. Esses profissionais são responsáveis não só por colocar o produto na gôndola, mas por formar o consultor de vendas que é o contato direto com o cliente, para que ele possa explicar cada detalhe dos produtos que são oferecidos. Além de avaliar os mix de produtos, esses experts promovem degustações, visitam os produtores, conhecem suas histórias, visitam cidades e países mundo afora para trazer novidades e inspirações para o mercado brasileiros.
Para Blajberg o grande diferencial está em conhecer o pequeno produtor a fundo e entender quais são os seus diferenciais. Como desafio para melhorar a presença desses produtos na rede de supermercados, o Supply Chain faz uma mea culpa. Para ele, o conflito para rápidos resultados x entrega a curto prazo, produção em grande escala + preços competitivos ainda acabam sendo um fator negativo. Assume a culpa de que trazer o pequeno produtor para dentro do varejo leva mais tempo, é preciso ensinar o caminho das pedras, os resultados não chegam a curto prazo, mas entende que é o momento de abrir os olhos e que esse caminho para o saudável é cada vez mais necessário.
Gomes, responsável pelo comercial da Raízs conta que a empresa que começou com um capital de R$300, atendendo pequenas famílias, hoje é a maior empresa a conectar o pequeno produtor de orgânicos à mesa dos grandes centros urbanos.
Ele ressalta que um dos critérios básicos da empresa é ouvir as histórias dos produtores antes mesmo de falar sobre tabela de preços ou mix de produtos. O segredo da curadoria do Raizs está em entender de onde os produtos vêm. Gomes destaca que a pandemia acelerou o processo do consumidor de entender aquilo que ele consome. Hoje, o perfil de seus clientes é composto por aqueles que tiram dúvidas e sugerem marcas. Assim, o consumidor também está mais aberto para pesquisar e dar a sua opinião. Ele orgulha-se em dizer que a empresa tem um trabalho humano de educação e um enorme respeito por todos os produtos que estão dentro do seu mix.
Quando Leila pergunta quais os desafios e porque o mercado tem demorado tanto para abraçar os produtos naturais e saudáveis, Gomes explica que a cadeia varejista era muito fechada para pequenas marcas e produtos. Isso porque ainda existe o estigma de que quem paga mais tem mais visibilidade e, consequentemente, vende mais. Porém, desde a pandemia, isso tem mudado, e os produtos menores começaram a estar lado a lado com as grandes marcas. Para ele, é importante que o varejo abra oportunidades. A partir do momento em que as pequenas marcas estão ao lado das grandes, o cliente não só passa a conhecê-las, como também tem a oportunidade de degustar, gostar e incluir esses produtos em suas compras. O especialista também destaca como é importante ter um olhar humano e conversar diretamente com as pequenas marcas, auxiliando-as no que for preciso, inclusive ajudando na precificação. Essa, para ele, é a grande virada de chave.
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