São Paulo, 12 de junho de 2025 – O Brasil assiste ao amadurecimento de um ecossistema robusto de pequenas e médias empresas (PMEs) nos setores de alimentos saudáveis, produtos veganos, orgânicos e sustentáveis. Durante a 19ª edição da Bio Brazil Fair | Biofach América Latina e Naturaltech, que acontece até o dia 14 no Distrito Anhembi, histórias de crescimento, inovação e consumo consciente marcam a presença de empreendedores que estão transformando a indústria.

O setor saudável já movimenta mais de R$ 130 bilhões no Brasil, segundo dados do Sebrae de 2023. No campo dos orgânicos, são mais de 25 mil propriedades certificadas, 75% delas familiares, com crescimento superior a 20% ao ano. A demanda por alimentos saudáveis, rastreáveis e sustentáveis segue em alta.

“As pequenas e médias empresas são hoje as grandes impulsionadoras da inovação no setor saudável e sustentável. Elas operam com agilidade, propósito e proximidade com o consumidor”, destaca Valeska Ciré, head de produtos da feira.

Destaques do Segmento

A Vida Veg, que acaba de vencer o 3º Award Alimentos, Bebidas e Suplementos na categoria Plant-Based, prevê faturar R$ 100 milhões em 2025, com crescimento de 35% sobre os R$ 74 milhões registrados em 2024. Com 48 produtos 100% vegetais e presença em mais de 6 mil PDVs, a marca lança novos shakes infantis, iogurtes sem açúcar e a linha Vida Veg Chef para food service.

“Mais de 95% dos nossos consumidores não são veganos, mas pessoas que buscam saúde”, afirma Thayana Mattar, gerente nacional.

A Avanti Food Systems, fornecedora da proteína vegetal desfiada da Vida Veg, também celebra a consagração das chamadas proteínas culinárias.

“Não se trata de substituir carne, mas de criar novos padrões alimentares”, diz o CEO Fernando Santana.

Na Bahia, a Rede Povos da Mata une 2 mil agricultores em 22 territórios e avança com tecnologias como biofertilizantes por drones e projetos de distribuição.

“Estamos quebrando o mito de que só ricos comem orgânico”, diz Mateus Fernandes. Rubens Dario reforça: “A agroecologia tem escala e responde à crise climática”.

A Associação de Agricultura Orgânica (SP) destaca o consumidor como motor do setor.

“O consumo cresceu entre 18% e 20% em São Paulo. Programas como o PNAE ajudam o produtor a ter segurança para plantar”, afirma Taís Teixeira.

Segundo dados da Organis, Associação de Promoção dos Orgânicos, o mercado de orgânicos movimentou R$ 7 bilhões em 2024, alta de 87%.

Entre os lançamentos, a Bolazza, da Pra Levar Foods, apresentou snacks fermentados com ingredientes brasileiros e impacto social para a comunidade de Ubatuba, no litoral de São Paulo.

“Queremos reformular o consumo de lanches com sabor e afeto”, diz Patrícia Busto.

Na Local.e, incubadora que já mentorou 160 empresas, “as marcas saem mais preparadas para competir, comunicar e crescer com propósito, encurtando o caminho entre a ideia e o impacto comercial, conectando negócios sustentáveis a consumidores e canais de venda estratégicos”, afirma o cofundador Juan Stingo.

Das marcas presentes nas feiras, três ganham destaque: Luci, cerveja sem álcool; Yuca, de pão de queijo natural e sem glúten, que projeta faturamento de R$ 5 milhões em 2025 e já está em 250 PDVs; e Chef Di Sério, que soma R$ 4 milhões de faturamento, crescimento de 20% ao ano e 1.500 pontos de venda com seu polvilho vegano e sem glúten.

A Bananinha Paraibuna, maior empregadora de sua cidade, espera fechar 2025 com R$ 48 milhões, 15 mil PDVs e mix de produtos sem açúcar como diferencial. A empresa havia registrado R$ 45 milhões em 2024.

“Nosso diferencial é manter a essência artesanal de uma empresa familiar”, diz Letícia Paiola, terceira geração à frente da marca.

A feira também promove três rodadas de negócios: nacional e internacional para alimentos, bebidas e suplementos; e uma rodada Clean Beauty voltada a cosméticos naturais. Com 836 expositores e 60 mil visitantes previstos, a feira consolida São Paulo como capital do consumo consciente.